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Catastrofizar: esperar pelo pior

Catastrofizar: esperar pelo pior

                                                 

                                                        Catastrofizar: esperar pelo pior

Existe um personagem de história infantil chamado Chicken Little, muito conhecida por quem estudou inglês na infância ou adolescência que conta a história de um galinho, atingido por uma noz que caiu na sua cabeça, reagindo com tal alarde, gritando desesperadamente que o céu estava caindo sobre sua cabeça. Conta a história que o galinho provocou na bicharada uma grande confusão e rreria. Na verdade Chiken Little contaminou toda população dos bichos com seu exagero. Seu medo fez com que aceitasse a proteção da raposa que acabou por devorá-lo. Este tipo de comportamento transposto para os humanos tem um nome em psicologia: Catastrofização.

Catastrofização (anglicismo-catastrophizing) é a espera pelo desastre, remoendo o mantra “e se...”. “Meu Deus, e se ele não ligar? E se eu não conseguir o emprego? E se meu salto quebrar? E se esfriar ou chover? E se fizer sol? E se não der certo? E se o avião cair? E se o mundo acabar?” E se...E se,,,E se...

Muitas pessoas vivem em constante “E se...” como se quisessem antecipar o futuro. Tal comportamento, quando recorrente pode levar a grande nível de ansiedade, na medida em que a pessoa preocupa-se demais com as coisas que estão por vir, deixando de viver o presente.

Prevendo o futuro de maneira ruim, as pessoas sofrem por antecipação e começam a buscar soluções para aquilo que imaginaram em suas mentes, o que gera desgaste, estresse e ansiedade.

Como o próprio nome sugere, catastrofizar significa superestimar as conseqüências negativas de determinado comportamento, ou situação tornando-os verdadeiras catástrofes. É acreditar que o que aconteceu ou irá acontecer será terrível e insuportável. Este comportamento é mais freqüente do que parece, sobretudo, em pessoas muito ansiosas.

A palavra “Catástrofe” nos remete a desastre, algo ruim, tristeza, desgraça. O dicionário define como desgraça pública, calamidade, flagelo, que pode ser efeito da natureza ou provocada. Catastrofizar traz um grau de sofrimento significativo para o individuo, envolve a previsão ou antecipação de evento extremamente aversivo, o que provoca um aumento ainda maior do nível de ansiedade já existente. Com níveis de ansiedade elevados, aumenta as chances de a pessoa correr riscos, cometer erros, o que pode alimentar ainda mais a idéia de uma catástrofe iminente. As pessoas são levadas a sérias pré-ocupações, onde o sofrimento antecipado leva a pessoa a se esquivar das situações a qual suspeita que possa sofrer algum tipo de avaliação ou julgamento.

A catastrofização envolve algum histórico de aprendizagem, ou seja, em determinado momento da vida a pessoa “aprendeu” a catastrofizar.

Esse tema me chamou a atenção quando uma paciente me contou muito assustada que seu estomago estava todo perfurado, eu então lhe perguntei: mas dona Maria (nome fictício) como assim? E ela respondeu como se esperasse de mim a alguma reação extraordinária: o médico disse que eu tenho que tomar muito cuidado pois estou com inúmeras úlceras e que ele não está nem pensando em me operar. E com toda convicção afirmou: doutora, pelo que o medico disse, isso pode virar um Câncer. Quem apresenta este tipo de comportamento provavelmente conviveu com pessoas que demonstravam medo de situações cotidianas e as transformavam em situações ameaçadoras, aprendendo que o mundo é muito hostil e perigoso. Em outras palavras, a catastrofização envolve algum histórico de aprendizagem, pessoa “aprendeu” a catastrofizar.

Sabemos que o medo nos paralisa ou nos leva a fugir das situações que imaginamos como ameaçadora, assim, os indivíduos “catastróficos” tendem a perder muitas oportunidades, prejudicam sua vida social, desenvolvem doenças psicossomáticas e Transtorno Psicológicos.

Nem sempre será possível impedirmos que coisas ruins nos aconteçam. Mas é possível evitar vê-las piores do que são.

Todos nós temos as chamadas distorções cognitivas, que são expressas em pensamentos automáticos disfuncionais. Dentro da teoria da mente como processamento da informação, nossos esquemas distorcem a realidade para que esta se torne condizente com nossas crenças. Nesse sentido, a psicoterapia cognitiva constitui-se importante recurso para ajudar pessoas a desconstruir este aprendizado e a lidar com os pensamentos catastróficos.

                                                               Profa. Dra. Edna Paciência Vietta

                                                  Psicóloga Cognitivo-comportamental Ribeirão Preto